Ao levar novamente no meânico, ele deve dizer qcue a suspensão precisa de cambagem. Mas, por que isso aconteceu? Quais carros precisam de cambagem? O que é cambagem?
No caso da última pergunta, em relação ao processo de alinhamento do curso vertical da roda, a resposta é todos os que porventura vierem a ter danos no conjunto de suspensão.
Mas, como acontece? Antes de responder a essa pergunta, é preciso saber o que é cambagem. Todo automóvel possui um ângulo de inclinação vertical das rodas em relação ao solo, que se chama câmber. Ele pode ser de três formas: neutro ou nulo, positivo e negativo. No primeiro caso, a roda está em um ângulo zerado e totalmente vertical em relação ao solo, descrevendo 90 graus perfeitamente em comparação ao piso.
No positivo, as rodas fecham para dentro da carroceria na parte superior, como se o carro estivesse com muito peso sobre si. No caso do negativo, as rodas dos lados direito e esquerdo estão mais próximas, mas na parte inferior, fazendo que a parte de cima esteja mais afastada da carroceria.
E o que acontece em cada caso? No caso da roda com câmber nulo, haverá um esforço maior do sistema de direção, deixando-a mais pesada nesse caso. Em relação ao positivo, um menor esforço desse sistema será verificado, tornando a condução mais leve e reduzindo os esforços sobre os componentes do dispositivo. Por fim, o câmber negativo pode acarretar desgaste interno nos pneus, já que o ângulo das rodas tende a forçar mais o material rodante e os componentes da suspensão nesse caso.
Em relação ao motivo da cambagem no exemplo inicial é um só, impacto. Os carros modernos geralmente são robustos o bastante para suportar bem os pisos irregulares do Brasil, mas acontece que ainda existem situações cotidianas que acabam por avariar a suspensão desses veículos. Assim, a cambagem só está relacionada com esse tipo de avaria, gerado por um impacto frontal, vertical ou mesmo esforços laterais.
Por exemplo, uma batida contra um buraco, guia ou depressão na via, onde a velocidade e peso do carro deverão contribuir negativamente nesse caso. Aquela encostada no meio fio da rua durante manobras pode acarretar em problemas com cambagem. O motivo é que tais impactos acabam por amassar um dos componentes da suspensão, alterando o ângulo do câmber e assim gerando problemas de desgaste acentuado nos pneus.
Cambagem
Para desentortar as peças avariadas e corrigir o ângulo de câmber das rodas, os mecânicos fazem o processo que é chamado de cambagem. O assunto gera controvérsia nos dias de hoje, pois especialistas e fabricantes dizem que não é indicado fazer isso, mas descobrir quais componentes estão avariados e troca-los por novos. O impacto gerado sobre a roda pode amassar um amortecedor, afetar molas, pivôs, terminais de direção e outros componentes.
Para evitar tal pesquisa e simplificar o negócio, muitos mecânicos oferecem a cambagem como solução. A questão é que isso não é recomendado por nenhuma norma. Na norma ABNT, nem mesmo a cambagem é citada. Já a NBR 14780, norma que trata do conjunto de suspensão, diz que “segundo as especificações da fabricante do veículo”, a geometria das rodas deve ser corrigida. Ou seja, nada mais de informação sobre o assunto. Mas, então, quais carros precisam de cambagem?
Os prós dizem que a cambagem é necessária para que o ângulo correto volte ao normal. Existem até tabelas com os ângulos máximos e mínimos para o câmber dos carros, mas entre mecânicos que atuam nesse tipo de reparo, fala-se que seguir esses “manuais” trará o cliente de volta para a oficina após alinhamento, balanceamento e a tal cambagem. Por isso, o ideal seria numa convergência dianteira entre +0,40° e -1,00°, mais que isso faria o pneu “cantar na curva” e “comer pneu”. O traseiro seria de +0,00° e -4,50°, também com ainda mais negativo comendo pneu.
Por causa disso, mesmo os programas de computador não são garantidos na cambagem. O motivo é que, de acordo com os fabricantes, mesmo que uma peça volte a sua forma original, a mesma sofreu alterações físicas que reduzem sua rigidez e mais tarde a mesma peça voltará a dar problemas. Dessa forma, fazer a cambagem não é recomendável em hipótese alguma.
O que acontece nesse processo? Para arrumar o conjunto de suspensão, no caso da cambagem, o mecânico irá colocar um suporte para fazer pressão sobre a torre do amortecedor e a parte inferior da suspensão. Esse sistema, geralmente hidráulico, exercer pressão sobre o conjunto para este voltar à posição normal. Isso se faz porque 98% dos carros não possuem um sistema de cambagem de rodas, que utilizaria parafusos, porcas ou outros recursos para corrigir a posição vertical do movimento dos pneus.
Sem isso, fica arriscado aplicar força sobre uma peça ou conjunto avariados para se obter o mesmo resultado do original. Com a perda da elasticidade da peça, a resistência e a durabilidade da peça serão comprometidas e isso pode até acarretar um problema de segurança mais adiante. A execução da cambagem, entretanto, se tornou tão difundida que algumas lojas simplesmente só dão garantia de terminais de direção, buchas, pivôs e outros componentes da suspensão e direção se a cambagem for realizada.
O que fazer?
Nessa situação, onde o carro esteja com a suspensão avariada, antes de pensar ou aceitar fazer uma cambagem ou mesmo querer saber quais carros precisam de cambagem, procure um profissional especializado em suspensão ou mesmo uma rede focada apenas em rodas, pneus e suspensão. Tais profissionais inspecionarão e identificarão quais peças e componentes da suspensão precisam ser trocados. É importante saber que de fato a substituição do que está ruim, traz de volta a posição original das rodas no veículo.
Alguns motoristas dizem que seus carros não precisam ou nunca precisaram de cambagem, mas o certo é que muitos deles não sofreram impactos consideráveis o suficiente para avariar o conjunto de suspensão, mesmo que a pancada aparentemente pareça ter destruído o sistema inteiro. Além disso, a aceitação da troca de buchas, pivôs e outros componentes permite evitar a cambagem e daí a certeza de que seus carros não precisam disso. Mas, mesmo que ocorra um incidente, o ideal é buscar ajuda especializada. Então, somente após isso, pode-se providenciar a compra de pneus novos.
Alinhamento e balanceamento
Antes de mais nada, é preciso estar com o carro em dia, a fim de evitar surpresas e custos desnecessários. Por isso, recomenda-se fazer alinhamento e balanceamento regularmente. Em carros muito usados, o recomendável é fazer a cada 5.000 km, assim como o rodízio de pneus. Os fabricantes possuem cronogramas diferentes para a execução desses serviços.
Além disso, mantenha sempre a calibração dos pneus com as libras corretas e de preferência a cada semana, ajudando assim a evitar desgaste prematuro dos pneus e consumo maior de comebustívl. A própria segurança pode ser comprometida com pneus apresentando baixa pressão, assim como choques de maior carga poderão atingir, amassar e trincar das rodas diante de um buraco ou pedra. Assim, sem cambagem, mas com alinhamento e balanceamento, os pneus deverão durar muito. E, quais carros precisam de cambagem? A resposta é, nenhum!