Finalmente os dirigentes da indústria automobilística mundial entenderam que o consumidor gosta mesmo é de sentar em bancos mais altos e de entrar em carros em que não precisem dobrar as costas ou abaixar a cabeça, tendo ainda uma visão privilegiada de motorista e todos os passageiros quando o carro está em movimento. É isso que o consumidor quer e, finalmente, a indústria está se rendendo a esse anseio. E olha que a indústria resistiu bravamente a essa vontade.

Entendo que, tecnicamente, os engenheiros projetistas e os profissionais do marketing sempre pensaram em um carro baixo, com baixo centro de gravidade, estabilidade cada vez melhor, pequena área frontal e em uma aerodinâmica apurada. Tivemos assim, ao longo de décadas, carros aerodinâmicos, de altíssima eficiência, estruturalmente muito seguros com marcas de consumo que chegavam a impressionar, mas não era isso que o consumidor queria. Tecnicamente falando, até entendo que um sedã ou um hatch, até mesmo uma station wagon ou perua, como é carinhosamente chamada, são do ponto de vista do desempenho, do consumo, da segurança e da melhor eficiência, veículos mais racionais, mas novamente caímos na grande questão: não é isso o que o consumidor quer.

E a indústria finalmente entendeu que ela não tem que fazer ou oferecer ao mercado o produto tecnicamente correto, como vinha fazendo ao longo de décadas, mas sim o produto que o consumidor quer comprar.

O grupo Volkswagen, por exemplo, traçou como meta para o futuro de suas empresas ser o maior fabricante de automóveis do mundo. Mas os dirigentes do enorme conglomerado alemão perceberam que para atingir essa meta precisavam começar a oferecer aos consumidores de todo o mundo SUVs e picapes. Apressaram-se em criar sua primeira picape média, a Amarok, e criar um SUV para cada segmento do mercado mundial. O fato é que vemos nascer, ano a ano, SUVs do grupo Volkswagen por todos os cantos do mundo. E, tenho a certeza, todos esses lançamentos transformaram-se e estão se transformando em uma das maiores fontes de renda do conglomerado alemão.

O fenômeno SUV é tão forte que vimos marcas tradicionais e reconhecidas por fabricarem os melhores sedãs do mundo, como Audi, BMW, Mercedes-Benz e Jaguar, lançarem seus produtos SUVs e rapidamente se transformaram em seus grandes volumes de vendas. Ultimamente, até os tradicionais fabricantes de superesportivos como Porsche, Maserati e Lamborghini já têm versões SUVs e, quem diria, até a Ferrari já se rendeu à onda SUV e  se prepara em breve para o lançamento do seu. E olha que essas marcas haviam anunciado que jamais entrariam no mercado de SUVs. Mas, é claro, que essas supermarcas lançaram super-SUVs, com tecnologias construtivas jamais vistas nesse segmento. As cifras continuam sendo de super carros.

Aqui no Brasil, o primeiro SUV verdadeiro de segmento, o Ford EcoSport, chegou em 2003 e foi um dos maiores tiros certeiros que a Ford deu em nosso mercado. Enquanto a GM se apressava em lançar o Meriva e a Fiat corria atrás do Idea, ambos monovolumes familiares, a Ford tomou outro rumo e lançou o SUV EcoSport. Enquanto os dois primeiros não são mais fabricados, o EcoSport continua firme e forte no mercado. Não é preciso dizer quem acertou.

Mas, é interessante lembrar que no final dos anos 50 e início dos anos 60 tivemos por aqui a Rural Willys, uma proposta que vinha de encontro ao que hoje é o SUV. Um carro cidade e campo, para transporte da família e trabalho, que tinha versões com tração traseira e tração nas quatro rodas para quem a utilizasse em terrenos difíceis. Interessante! Um veículo que foi importante para o início de nossa indústria automobilística e que atendeu, e muito, principalmente as pessoas do interior e sitiantes. O passar do tempo deu nome sofisticado de Sport Utility Vehicle, ou simplesmente SUV, como a sociedade convencionou chamar a praticidade para a família de um veículo que atenda às suas necessidades. Mesmo que não seja o carro mais aerodinâmico, com melhor estabilidade, menor consumo, tenha os melhores porta-malas, o SUV – e por que não dizer as picapes -, são os veículos que o consumidor quer. Ponto Final.



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